Reflexões sobre o jogo: conceitos definições e possibilidades.


Resenha

Reflexões sobre o jogo: conceitos definições e possibilidades.

A importância do jogo e sua utilização foram estudadas por importantes teóricos, na história o jogo se apresenta como algo de pouca importância, com atitudes infantis e de pouco valor. Na Grécia acredita-se que o jogo era condição para alcance elevado do espírito, já Aristóteles questiona o que procura aquele que joga, se não o prazer pelo próprio jogo? A criança é percebida como algo não interessante, porque não se opõe ao sério e nem entende o prazer do corpo, ou seja nem útil nem virtuoso não possuindo grande importância para definir o humano.
No fim do século XVII uma nova visão do jogo é resgatada, revalidando o lado intelectual do jogo, a partir de então recebe atenção dos estudiosos, no século seguinte sofre grandes preconceitos e é proibido pela igreja, onde se questionava que era preciso compreender suas funções no conjunto das atividades humanas.

Para que o jogo obtivesse respaldo e credibilidade filosóficos, precisaria que o jogo deixasse de ser entendido como atividade pueril, foi o momento em que o lugar do jogo foi reconsiderado na educação. Rosseau deu um novo sentido a filosofia da Kant na qual influenciou Schiller, necessitando reconhecer as especificidades do trabalho e do jogo, não significava que o jogo fosse desprovido de sua utilidade na educação pois influenciava na aprendizagem e no desenvolvimento sendo indissociáveis. A partir de Schiller surgiu transformações, o jogo passou ser considerado como vetor de harmonia beleza e equilíbrio para o fisico e para o espírito, o princípio da legalidade da liberdade, um sinal de humanidade,com o desenvolvimento social burguês e o avanço do capitalismo marcado pela revolução industrial o jogo e o jogar assumem funções ligadas a lógica da produção e do consumo.
Na atualidade, o jogo pouco compreendido é reduzido a um simples objeto de estudo,desconsiderado pelas várias possibilidades que a prática do jogo pode oferecer. Bruhns e outros autores aponta a dificuldade em compreender o jogo, já que o mesmo tem grande importância no desenvolvimento afetivo, social, cognitivo e motor quando desenvolve a aquisição de regras, expressão do imaginário e apropriação do conhecimento.
a importância do jogo na educação recebeu várias versões ao longo do tempo, segundo Júlia o jogo é uma identidade sem definição, usado na busca do prazer, já Feijó diz que o lúdico passou a ser conhecido essencial do comportamento humano, par Huizinga o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária acontecendo em tempo e espaço determinado, ainda defende que os jogos devem asociar prazer, alegria, espontaneidade e o não constrangimento, pois o jogo constitui o pólo extremo da assimilação da realidade no ego. Muitas vezes os professores tendem a separar o trabalho do jogo no contexto escolar deixando de envolver essa ferramenta no processo de aprendizado. Souza Neto ressalta a necessidade de estudar o sujeito permeado por suas intencionalidades é igualmente oportuno e contundente quanto estudar a caracterização do jogo.

Para transformar a realidade é preciso refletir sobre a prática do jogo tanto numsentido conceitual quanto atitudinal, o jogo se inscreve num sistema de significações como interpretar o brincar, até mesmo no comportamento do bebê. Segundo Kishimoto, a brincadeira é o jogo infantil, a ludicidade é um elemento da cultura humana, ocorre nos divesos agrupamentos sociais, uma atividade livre é capaz de absorver o jogador de maneira total.
O jogo pode ser assimilado como prática desportiva pode se visto como uma atividade tanto lúdica como competitiva, para Bruhuns o modelo atual não deve fazer com que o jogo seja confundido ou mesmo se transforme em esporte, mas o esporte pode ser transformado em jogo, com regras e organização. O esporte é organizado por entidades, ligas, associações e federações, e faz com que suja toda uma classe dirigente.

O jogo, a brincadeira e o esporte são atividades distintas porém possuem profundas relações e interfaces e pertencem a grande família da cultura lúdica humana, Huizinga critica as abordagens sobre o jogo na intenção de descobrir a função do jogo em si mesmo, na forma e conteúdo, um significante a beleza e um significado o divertimento a significação social. É na própria fascinação, na intensidade e paixão que residem as características fundamentais do jogo, pois é instrumento sócio-educativo.

Pelo jogo se livre, próprio de liberdade praticado nas horas de ócio, nunca constituído como tarefa,jamais imposto pela obrigação moral, o jogo nega a vida corrente e a vida real, porém a criança sabe diferenciar o faz-de-conta, porem isso não impede que o jogo seja realizado com seriedade e com entusiasmo, todo jogador é capaz de absorver inteiramente o jogador, verifica-se isolamento e limitação pois o mesmo afasta da vida comum, é considerado fenômeno cultural, porque mesmo após seu término, ele é considerado na memória podendo se tornar tradição, o jogo cria ordem suprema e absoluta, liga-se ao domínio da estética, sendo fascinante e cativante. O jogo ainda é um elemento de tensão pois se pretende a vitória a custa de esforço, usado com ética em que a qualidade do jogador são colocadas a prova.

Apesar das tentativas de interpretação, cabe o consenso em torno da evidências básicas, pois ele é uma atividade dominante na criança e, ao mesmo tempo, um fator de desenvolvimento global. A pedagogia do jogo desconsidera o aprendizado e focaliza-se no ensino, sendo um modelo de estratégia , em vez de ver o jogo como lugar desenvolvimento da cultura deve ter um olhar para enriquecimento dessa cultura.
O jogo, a atividade lúdica e o esporte fazem parte de um grande grupo no entanto todas elas atribuem pelo prazer de brincar de movimento do corpo de competir ou não, os autores foram felizes em diferenciar os temas de forma clara e sucinta, todavia o jogo a brincadeira e o esporte na escola ainda não possui esse discernimento pois o professor responsável na arte do corpo ainda não consegue fazer essa dicotomia e explanação aos membros da comunidade escolar.

Maria Lucia Ferreira dos Santos